A autoanálise das nossas ações é complicada, pelo menos para mim. Eventualmente tenho a sensação de que estou perdendo meu tempo com pessoas, ou coisas, que não merecem um segundo, um mísero suspiro.
Não sei que tipo de impulso me leva a desejar aquilo que não tenho, talvez seja algum defeito congênito que O Criador ousou deixar nos humanos, apenas para gerar um ciclo vicioso na vida: quero, consigo, não quero mais, busco outra coisa…
Eu acabo criando expectativa com aquilo que não tenho e o desejo torna a coisa desconhecida mais atrativa. Após possuir, e conhecer afundo, vem a decepção: não é aquilo que eu fantasiava. Não que seja ruim, mas possivelmente ficará aquém da imagem criada na minha mente. A capa e a sinopse do livro se tornam melhores que as linhas que estão escritas. Talvez pela história rasa, banal, talvez pela minha falta de sensibilidade como leitor daquela história. Não quer dizer que é ruim, apenas não foi feito para mim naquele momento.
Daí o amor platônico passa a ser uma opção com menor chance de decepção. A ideia de maravilhar-se com algo sem querer possuir, o amor fruto da simples admiração à distância. Retornando a analogia do livro, é meio que ficar apenas olhando a capa e imaginando que o escrito deve ser espetacular: um dia eu leio!
Soa meio preguiçoso, não é? Com um tom de amedrontamento, mas não. Vejo como uma forma diferente de admirar as milhares possibilidades que a vida dispõe e entender o que foi feito para mim e o que foi feito para outra pessoa.
Sigo nesse dilema de querer, conseguir e perder o interesse, com raras exceções. Sei que possui um lado positivo, como tudo na vida.