Atena e a Medusa: quando a inteligência e sabedoria dá lugar aos maus conselhos

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Atena e a Medusa: quando a sabedoria dá lugar à raiva e aos maus conselhos

A mitologia greco-romana exerceu uma enorme importância na cultura ocidental, permeando a arte, a literatura, o teatro e o pensamento filosófico. Ela oferece um conjunto de histórias e mitos que nos ajudam a compreender a complexidade do mundo e da condição humana. Essa mitologia inspirou inúmeros escritores, poetas, dramaturgos e artistas ao longo dos séculos, sendo base para obras como a “Ilíada” e a “Odisseia” de Homero, além de influenciar o teatro trágico de Sófocles, Eurípides e Ésquilo.

Seus temas e iconografia também são retratados nas artes visuais. Além disso, muitos termos, conceitos e metáforas da nossa linguagem cotidiana têm origem na mitologia. Ela também serviu de inspiração para reflexões filosóficas e éticas, sendo utilizada por filósofos como Platão e Aristóteles.

Parte essencial da herança cultural ocidental, a mitologia greco-romana é ponto crucial para preservar nossa identidade cultural e conectar-nos às nossas origens e tradições. Estudar e explorar os mitos nos permite compreender melhor nossa própria cultura e oferece uma fonte de inspiração e reflexão.

Atena, a deusa da sabedoria e estratégia

Atena era uma das principais deusas da mitologia greco-romana, conhecida como a deusa da sabedoria, da inteligência, da estratégia militar, da justiça e das artes. Ela era filha de Zeus, o rei dos deuses, e da deusa Métis. Segundo a lenda, Métis estava grávida de Atena, e Zeus, temendo que o filho que ela carregava pudesse superá-lo em poder, a engoliu. Atena então nasceu da cabeça de Zeus, completamente armada e pronta para a batalha.

Deusa Atena

Um dos conflitos mais conhecidos de Atena foi com o deus Poseidon, em uma disputa sobre quem seria o protetor da cidade de Atenas. Segundo a história, Atena e Poseidon competiram para oferecer o melhor presente à cidade. Poseidon ofereceu um rio de água salgada, enquanto Atena presenteou a cidade com uma oliveira, símbolo de paz, inteligência e prosperidade. Os cidadãos de Atenas escolheram o presente de Atena, tornando-a a protetora da cidade e dando seu nome à mesma.

Atena também esteve envolvida em outros mitos e conflitos. Ela auxiliou diversos heróis em suas jornadas, como Perseu e Ulisses, fornecendo-lhes orientação, conhecimentos, conselhos estratégicos e proteção. Ela também teve papel importante na Guerra de Troia, ajudando os gregos em seu conflito contra os troianos, que foram apoiados por Poseidon.

Atena era reverenciada como uma divindade poderosa e respeitada, sendo cultuada em festivais e adorada em diversos templos, onde começa o mito da Medusa.

Medusa, a fiel sacerdotisa

A história da Medusa é uma das mais conhecidas da mitologia greco-romana, além de possuir inúmeras versões. Em uma das versão, a terrível górgona com cabelos de serpente e olhar petrificador acaba sendo decapitada por Perseu e passa a ser utilizada como arma de guerra. Contudo, uma versão menos conhecida dessa história explica que a personagem foi vítima da irresponsabilidade dos deuses.

Medusa

Filha das divindades marinhas Fórcis e Ceto, e irmã de Esteno e Euríale, Medusa era a única mortal da família. Uma mulher de beleza descomunal, que gostava de se cuidar e, mesmo muito vaidosa, a jovem era sacerdotisa fiel de Atena. Apesar de todos os cuidados com pele, cabelo e das roupas mais ousadas, Medusa nunca deixou de seguir o princípio da castidade de Atena.

 A sua beleza atraía homens de muitas cidades, que iam ao templo para observá-la, o que acabava enfurecendo a deusa. Um desses homens era o deus Poseidon, tio de Atena, que, como dito acima, tinha algumas desavenças com a sobrinha.

Violação e vingança

Poseidon tinha consciência de que as sacerdotisas de Atena deveriam ser puras, mas isso não o impedia de cortejar a bela Medusa, que se esquivava constantemente. Cansado das negativas e para se vingar de Atena por causa dos conflitos anteriores, Poseidon, sem nenhum pudor, decidiu abusar sexualmente da Medusa.

Após isso, rumores do fato começaram a se espalhar, e a maioria das pessoas culpavam Medusa, dizendo que ela tinha se aproveitado da situação. Apesar disso, a jovem continuou fiel a seus princípios e indo todos os dias ao templo da deusa.

Quando ficou sabendo, Atena foi tirar satisfação com Medusa e a serva explicou que havia sido vítima de um abuso, mas por medo decidiu esconder o fato. Porém, como era Medusa, a deusa não se convenceu de suas explicações e, furiosa, optou por castigá-la, afinal, Poseidon estava apenas seguindo sua natureza de homem, e a culpada era aquela que o “seduziu” com seus encantos.

O castigo que levou à morte

Pela violação de seu templo, Atena transformou Medusa num terrível monstro. Seus cabelos viraram serpentes, seu corpo criou escamas e os dentes foram transformados em presas de javali. E o pior: a maldição determinava que todos os que olhassem para ela virariam pedra, o que condenou Medusa a uma terrível solidão.

Medusa

Expulsas do templo, Medusa e suas duas irmãs se refugiaram em um antigo templo da deusa Atena, que havia sido destruído há muito tempo, onde podiam viver sem maiores conflitos. Quando Medusa notou onde estava, suas intenções agora se direcionaram para seus afazeres antigos como sacerdotisa, dedicando-se a servir a deusa Atena e proteger o local, mesmo impura e amaldiçoada.

Tempo depois, o jovem semideus Perseu foi obrigado pelo rei da ilha Cícade a decapitar o monstro, caso não o fizesse, sua mãe seria violada. Com o auxílio de alguns Deuses, incluindo Atena, Medusa, que já havia sido violentada e amaldiçoada, foi decapitada pelo jovem Perseu.

Perseu e Medusa

Quando Perseu derrotou Medusa, uma gota de seu sangue entrou em contato com a água e um belo cavalo branco com asas emergiu, era Pegasus, filho da relação entre Poseidon e Medusa. Sim, a violação da deusa no templo tinha gerado uma gravidez. Além de Pégasus, o gigante Crisaor também emergiu como fruto da relação entre os dois.

A injustiça pelas mãos da personificação da sabedoria

Depois da morte de Medusa a notícia se espalhou e Perseu foi tido como herói. Poseidon com um sentimento de missão cumprida, e na maior demonstração de sadismo, foi até Atena e contou toda a verdade sobre o ocorrido, admitindo que violentou a sacerdotisa.

Atena ficou profundamente amargurada ao saber que puniu injustamente sua mais fiel sacerdotisa e não acreditou na palavra dela, além de ficar ainda mais triste e envergonhada pelo fato de ter deixado a inveja e a raiva assumir lugar nas suas decisões.

Movida pelo arrependimento e desolação, a deusa da sabedoria pede a cabeça de Medusa e põe em seu escudo como um lembrete eterno de seu maior feito de injustiça.

O símbolo representa que até o mais sábio, inteligente, estratégico e justo comete erros irreparáveis quando se deixa levar por sentimentos negativos, desprezando fieis companheiros, e dando ouvidos àqueles infiltrados que fingem querer nosso bem, mas estão apenas sabotando nossos passos.

Atena e o escudo com a cabeça da Medusa

Curiosidades sobre a Medusa:

  • O rosto da Medusa foi adotado como um símbolo da luta feminista.
  • Do grego, Medusa significa “guardiã”, “protetora” e também “sabedoria feminina”, se considerarmos o culto das amazonas à deusa serpente na Líbia.
  • As esculturas e pinturas da Medusa decoravam os telhados de templos gregos e acreditava-se que afugentava os maus espíritos.
  • Os corais do Mar Vermelho são atribuídos ao sangue de Medusa, o qual respingou com a passagem de Perseu quando esse sobrevoou o local com seu cavalo alado.

Fonte:

todamateria.com.br

aventurasnahistoria.uol.com.br

ufrb.edu.br/bibliotecacecult

ifinforma.com

aminoapps.com

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