Esse tipo de pensamento, talvez destrutivo, vem à tona todas às vezes que fico sem paciência para as redes sociais e começo a enxergar um monte de cadeiras ocupadas por pessoas que não dão a mínima para nós. É um submundo inteiro sendo ditado por números de curtidas e seguidores, avaliando tudo de forma superficial e vazia, enchendo o nosso ego frágil com comentários genéricos que são distribuídos aos montes. E nós nos apegamos àquilo na esperança de achar algo verdadeiro, algo diferente, ignorando o verdadeiro que quase sempre já temos na vida real, bem ao nosso lado. É o digital facilitando e possibilitando meios para uma completa cadeia de decisões burras.
Claro, eu não sou um ser iluminado que enxerga a verdade e segue livre de cair nesse tipo de armadilha fútil. Não conseguiria enumerar quantas vezes me encontrei avaliando a qualidade de algo que produzi pelo simples e vagabundo número de likes, deixando minha vida ser ditada por um número vazio de curtidas, ou pior, pelo número de “não curtidas”, sentindo-me desprezado pela falta de 1 clique de determinada pessoa ou grupo. Ser humano frágil né?!
A verdade é que eu sempre cresci no escuro, sozinho no meu canto, e toda vez que gasto meu tempo querendo aparecer à vista de todos, regrido uma, duas ou três casas. Sim, retrocesso mesmo, sem exagero algum. Claro que não estou desprezando a presença de poucos que sempre estiveram ao meu lado, os de verdade sabe? Jamais! Ingratidão é uma característica que nunca esteve atrelada ao meu nome, salvo quando são ingratos comigo, mas faz parte da vida, eu controlo as minhas ações, não as dos outros. No mundo real ou você faz ou você mostra que está fazendo, os dois é algo difícil de praticar, não impossível, mas difícil ao ponto de eu não me achar um ser especial que consegue alcançar tal proeza.
E como reagir? No meu caso, desligo-me da internet e tento fugir para as montanhas, de uma forma figurada, até porque não faço o tipo que gosta de acampar ou algo assim. Um tempo “offline” é suficiente para voltar com a cabeça no lugar, dentro dos meus parâmetros de normalidade, se é que eu sou normal, e certo de que a falta ou a abundância corações e aprovações alheias não são medidores válidos para a minha vida. Depois de um tempo, quando estou “bem”, acabo voltando ao mundinho complicado das redes sociais, um teimoso insistindo no erro.
Mais cedo ou mais tarde, certo como o nascer e ocaso do sol, a sensação ruim de vida controlada pelas redes sociais voltará e novamente eu terei que ficar um tempo no meu refúgio, quase sozinho a não ser pelos meus problemas e conflitos mentais. Um ciclo chato e desnecessário, tipo um adolescente jurando que nunca mais vai beber após uma put4 ressaca, lembro bem das promessas feitas no passado. Por enquanto eu sigo aqui, longe de mais uma dose de algo que eu não preciso, mas às vezes quero, longe das deploráveis redes sociais.