Era uma vez uma Pequena Alma que conversava com Deus e estava muito contente porque havia descoberto que era luz, mas isto ainda não bastava, ela queria sentir-se luz. Deus explicou que pra ela sentir-se luz precisava estar cercada de escuridão.
— E quando estiver cercada de escuridão, não levante o punho ou a voz para amaldiçoá-la, nem fique furiosa com ela. Deixe que a sua luz brilhe tanto que todos saibam como é ser especial, mas lembre-se de que ser especial não quer dizer melhor. Todos são especiais, cada um na sua maneira, só que muitos esqueceram-se disso.
Então Deus contou à Pequena Alma que há muitas formas de ser especial: a forma de ser paciente, a de ser generoso, a de ser criativo, a de ser delicado, e tantas e tantas outras. E a Pequena Alma poderia ser de todas as formas ou escolher a parte que desejasse em determinado momento.
Então a Pequena Alma disse:
— Já sei! Eu quero ser especial da parte que perdoa!
— Não há ninguém a quem perdoar, — disse Deus — tudo o que eu fiz é perfeito. Não há uma única alma em toda a criação menos perfeita do que tu, olha à tua volta.
Foi então que uma Alma Amiga se aproximou e disse:
— Eu posso te ajudar. Eu posso entrar na sua vida física e fazer algo de mau para que você possa perdoar.
Confusa, a Pequena Alma perguntou:
— Mas o que levaria você, que dança sobre as estrelas e é perfeita emitindo uma luz brilhante que eu mal posso olhar, a entrar na minha vida física e se tornar tão pesada a ponto de fazer algo de ruim?
— É simples! — disse a Alma Amiga — Faço porque te amo.
E, em todos os momentos dessa nova vida, sempre que uma nova alma aparecia em cena, quer essa nova alma trouxesse alegria ou tristeza, principalmente se trouxesse tristeza, a Pequena Alma pensava no que Deus tinha dito:
— Lembra-te sempre, não há uma única alma em toda a criação menos perfeita do que tu. Seja luz na escuridão e então você saberá quem realmente é, e os outros também saberão.
FONTE: Um conto francês, por Neale Donald Walsch.